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Reportagem
Tesouros escondidos à vista de todos
Refúgios para quem fica de férias
Reportagem JULAGO: Tesouros escondidos à vista de todos

Esta reportagem é um convite para desfrutar da cidade com vagar e para (re)descobrir espaços e recantos — quando a nortada não permite idas à praia; desde miradouros mais ou menos secretos, caminhos antigos que revelam a essência do Porto e parques e jardins para ir arejar em dias estivais. Nem sempre temos de ir de férias. Também podemos ficar de férias. E sermos turistas na nossa própria cidade.

Miradouro de Santa Catarina: um refúgio (quase) secreto

Largo de Santa Catarina


Localizado no topo de uma das colinas de Lordelo do Ouro, o Miradouro de Santa Catarina é um oásis de tranquilidade e beleza, longe do burburinho das ruas mais movimentadas. Chega-se ali pela Rua das Condominhas ou pela Rua do Senhor da Boa Morte — neste caso, a subida implica um esforço maior, mas a recompensa é grande: a imagem azul do rio a encontrar o mar. Este refúgio elevado, e com vistas desimpedidas, oferece um cenário que parece saído de um postal antigo, dominado pelo estuário do rio Douro, e que ainda guarda traços de uma ruralidade em extinção. Dali conseguimos espreitar os quintais dos vizinhos, onde gansos se banham num pequeno lago e os ramos mais altos das árvores de fruto servem de moldura à paisagem.


O encanto do Miradouro de Santa Catarina não se limita apenas às vistas panorâmicas. É também um lugar de contemplação e paz. É o local perfeito para um momento de introspeção, para uma conversa tranquila ou, simplesmente, para deixar os pensamentos vaguearem livremente ao sabor da brisa suave que vem do Atlântico. Sugerimos uma visita ao pôr-do-sol de um dia limpo e soalheiro, com a luz dourada a iluminar a paisagem, criando sombras e contrastes que realçam a beleza natural e arquitetónica do Porto. Ao cair da noite, as luzes concedem um brilho romântico a este cenário. 


Capela de Santa Catarina e Senhora dos Anjos


Situado no Largo de Santa Catarina, este miradouro esconde-se atrás da pequena capela dedicada a Santa Catarina e à Senhora dos Anjos, construída no final do século XIV por iniciativa dos marinheiros de Lordelo do Ouro, tendo sido, mais tarde, no século XIX, ampliada. Na sua fachada branca, destacam-se as figuras em azulejo das duas santas: Santa Catarina e Nossa Senhora dos Anjos.

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© Renato Cruz Santos

Reportagem JULAGO: Tesouros escondidos à vista de todos

Estuário do rio Douro. Vista do Miradouro de Santa Catarina © Renato Cruz Santos

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Rua das Aldas © DR

Miradouro da Rua das Aldas: uma viagem ao Porto autêntico

R. das Aldas 


Mais turístico é o Miradouro da Rua das Aldas, situado na zona histórica, ao lado da Igreja de São Lourenço, mais conhecida por Igreja dos Grilos, e a poucos passos da Sé do Porto, que oferece uma vista desafogada sobre a cidade e o rio Douro. 

A Rua das Aldas é uma das mais antigas do Porto, com origens que remontam ao período medieval. A sua localização estratégica, no topo de uma colina, faz dela um ponto privilegiado para a observação da paisagem urbana e fluvial da cidade. Do Miradouro da Rua das Aldas, a nossa visão consegue abranger vários marcos icónicos da cidade: à esquerda, a Torre dos Clérigos e, à direita, o olhar é atraído pela Ponte D. Luís I e pelo casario colorido que desce em direção às margens do Douro. Uma ida até ao Miradouro da Rua das Aldas é, também, um convite para explorar todo o Centro Histórico do Porto. 

Virtudes: um encontro com a História e a Natureza no Porto


O nome Virtudes é “uma singularidade na toponímia portuense”, como afirmou o jornalista Germano Silva, porque identifica uma fonte, uma calçada e um passeio. Mas foi a fonte, construída em 1619, por iniciativa da Câmara do Porto, que deu o nome ao local porque, diziam os antigos, a sua água tinha a “virtude” de curar certas doenças. 


É no Centro Histórico do Porto que damos com um caminho que é, simultaneamente, uma viagem no tempo e uma celebração da beleza urbana. A Calçada das Virtudes oferece uma experiência de descoberta e contemplação, em que somos transportados para uma outra era. Este percurso, composto por degraus de pedra gastos pelo tempo, serpenteia entre edifícios antigos e muros cobertos de hera. É um verdadeiro convite à exploração, onde a curiosidade é recompensada com vistas bonitas e pormenores arquitetónicos — e com a esplanada do Rancho do Douro Litoral, a coletividade em foco no Código Postal 4000 e tal desta edição.


Enquanto descemos, podemos apreciar a serenidade do Jardim das Virtudes, que se desenvolve em socalcos, encosta acima, com as suas árvores centenárias (é lá que encontramos a maior Ginkgo biloba L. de Portugal, uma árvore do século XVIII, originária da China, com cerca de 35 metros) e vistas panorâmicas sobre o rio Douro e Gaia. Aberto das 09h às 19h, em horário de verão, a entrada no Parque das Virtudes faz-se pela Rua de Azevedo de Albuquerque. 


No cimo, o Passeio das Virtudes é um dos locais mais concorridos da cidade para assistir a pores-do-sol mágicos, uma autêntica varanda sobre Miragaia e todo o vale das Virtudes, que há já muito tempo deixou de ser segredo. Ainda assim, merece uma paragem. 

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© Renato Cruz Santos

Miradouro do Bairro Nossa Senhora: um refúgio desconhecido com vistas desafogadas

R. do Abade de Baçal, 240


Escondido entre as ruas estreitas e as colinas encantadoras do Porto, o Miradouro do Bairro Nossa Senhora é pouco conhecido pelos turistas e oferece uma perspetiva tranquila sobre a cidade. Situado num bairro autêntico do Porto, a caminhada até ao miradouro é uma viagem de descoberta. Ao alcançar o miradouro somos acolhidos por uma vista panorâmica: de um lado, o omnipresente rio Douro, do outro, a cidade que se desdobra em camadas, com os seus telhados vermelhos, as torres da igreja de Massarelos e a Ponte da Arrábida a traçar uma linha elegante no horizonte.


Fonte do Caco: uma joia de Massarelos 

R. dos Moinhos 


Situada perto do Jardim da Pena, a Fonte do Caco é uma joia escondida de Massarelos, uma surpresa que se revela a quem se aventura a sair dos percursos mais batidos da cidade. Esta fonte antiga, de granito robusto, é uma testemunha silenciosa da história do Porto. Sentar-se junto à fonte, num dos bancos de pedra desgastados pelo tempo, é um convite à introspeção. 

Esta fonte imponente integra um dos quatro percursos temáticos dos Caminhos do Romântico, que pretendem dar a conhecer um pouco das contradições do Porto de Oitocentos, romântico e burguês, rural e industrial. O Percurso da Água acompanha os antigos leitos da ribeira de Massarelos e seu afluente, o rio de Vilar. Seguindo pela Rua da Macieirinha descobrem-se fontes, chafarizes e lavadouros que abasteciam quintas da nobreza e burguesia e pequenos campos agrícolas. 

Após a visita à Fonte do Caco, sugerimos, ainda, que continue o passeio, atravessando a Rua D. Pedro V e continuando pela Rua da Pena até a Rua do Gólgota, onde morou a escritora Agustina Bessa- Luís, terminando na Via Panorâmica, com vistas para a Arrábida.

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Fonte do Caco. Workshop "Into the Wild", por María Auxiliadora Gálvez. Proj. educativo ping!/GMP © Renato Cruz Santos/Galeria Municipal do Porto

Calçada da Arrábida: um passeio pitoresco 


Situada na zona ocidental do Porto, a Calçada da Arrábida serpenteia pelas colinas que conduzem até à marginal do rio Douro, proporcionando vistas arejadas e momentos de serenidade. Talvez seja mais interessante subi-la do que descê-la – para quem valoriza o esforço. Ao longo do percurso, encontram-se pequenos miradouros que convidam a pausas contemplativas. Estes pontos de observação oferecem boas vistas sobre o rio e a cidade, permitindo absorver a beleza do Porto de uma perspetiva privilegiada. No dia do nosso passeio, encontrámos um morador de Campanhã, motorista de profissão, a contemplar as vistas enquanto se exercitava. Confessou-nos que sempre que trazia clientes para aqueles lados fazia uma paragem ali para “apreciar as vistas e respirar”. “Esta vista é uma maravilha!”, diz.


Para os amantes da natureza, a calçada oferece uma oportunidade única de explorar a flora local: as margens do caminho estão repletas de plantas e flores. E é um percurso ideal para caminhadas matinais ou passeios ao entardecer, seja para um passeio relaxante ou uma caminhada revigorante.

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Vista da Calçada da Arrábida © Renato Cruz Santos

Escadaria das Macieirinhas: uma experiência sensorial

R. das Macieirinhas 


Vale a pena perdermo-nos no labirinto encantador que podem ser as ruas do Porto e ir dar com a Escadaria das Macieirinhas. Quem se aventura pelos seus degraus de pedra terá uma experiência memorável: À medida que se desce a escadaria, alegramo-nos com a vista que se abre: o rio Douro surge no horizonte, serpenteando suavemente as colinas que o abraçam. A Escadaria das Macieirinhas pode não ser apenas um passeio, mas uma experiência sensorial completa: o aroma das flores que brotam dos muros de pedra e das pequenas hortas e jardins, o som dos pássaros e a brisa fresca que sopra do rio proporcionam uma sinfonia envolvente. Aqui, é possível sentir a verdadeira essência do Porto, longe do bulício turístico. 

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Escadaria das Macieirinhas © Joana Leite/ Museu do Porto

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Praça de Liége © Renato Cruz Santos

Jardim da Praça de Liége: entre mestres da Arquitetura

Praça de Liége, Foz do Douro


Na praça cujo nome é uma homenagem das gentes do Porto aos habitantes da cidade belga que se bateram heroicamente contra os alemães aquando da invasão na Primeira Guerra Mundial, e que emprestou ao título ao romance do escritor portuense Rebordão Navarro, mora um pequeno jardim. Cuidadosamente preservado e rodeado por edifícios elegantes, o Jardim da Praça de Liége – com os seus caminhos de saibro, bancos de madeira pintados de vermelho, que convidam a uma pausa para uma leitura, canteiros floridos e árvores majestosas – pode constituir-se como refúgio acolhedor em dias quentes de verão. E é precisamente nesta praça que moram dois dos maiores nomes da arquitetura contemporânea portuguesa: Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, vencedores do Prémio Pritzker.


Caminhos para o mar

A poucas centenas de metros da Praça de Liége, o Farol da Luz ergue-se como um sentinela antigo (e abandonado), guiando os olhares e os passos daqueles que passeiam pela Foz. Descer a Rua Monte da Luz a pé é caminhar em direção ao vasto azul do mar que se abre à nossa frente.

O verão é um piquenique no parque 

O verão é o tempo das cerejas, das melancias, das ameixas e das uvas, que encontramos facilmente em tantos mercados e mercearias de esquina. “Pura delícia de língua”, estas frutas são protagonistas de piqueniques que podem acontecer nos vários parques e zonas verdes da cidade onde a natureza nos fala ao ouvido. O Porto tem tantos espaços apetecíveis para ir arejar, a sós ou acompanhado.


Entre dezenas de espaços verdes que o Porto oferece, sugerimos quatro que nos convidam a piqueniques estivais ou, apenas, a estirar o corpo ao sol – ou à sombra de uma árvore frondosa, e em que, esquecidos de outros afazeres, nos podemos entregar ao prazer de, simplesmente, não fazer nada.

Parque Oriental da Cidade
Av. Francisco Xavier Esteves, Campanhã

Aberto 24 horas


Ao longo das margens do rio Tinto, o Parque Oriental da Cidade, com os seus recantos, apresenta-se como uma boa opção para um piquenique, seja ao pé do lago, nos seus socalcos relvados ou à sombra dos pinheiros-bravos, sobreiros e carvalhos. É, também, um local indicado para caminhadas a pé ou de bicicleta na ciclovia asfaltada.



Jardim de Paulo Vallada (Jardim das Pedras)
R. Dom Agostinho de Jesus e Sousa, 49, Bonfim
Aberto 24 horas


O Jardim de Paulo Vallada é um espaço verde muito agradável no centro do Porto. Facilmente acessível através de várias linhas de transporte público, o parque serve como um refúgio tranquilo para os residentes locais que procuram escapar da agitação urbana. Destaca-se pela diversidade de valências e infraestruturas que oferece, ideal para pessoas de todas as idades. Combina áreas de lazer, de recreio infantil e de desporto, além de um grande relvado, ideal para piqueniques. Há, ainda, a vantagem destas valências poderem ser conjugadas com o parque canino, criado em 2019. Como está vedado, é um excelente local para ir arejar com os amigos de quatro patas, que podem correr e brincar livremente sem trela (mas de acordo com as regras estabelecidas e afixadas).

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Jardim de Paulo Vallada © D.R.

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Parque das Águas © Renato Cruz Santos 

Parque das Águas do Porto (Parque Nova Sintra)
R. Barão de Nova Sintra, 285, Bonfim
De segunda a domingo das 09h00 às 19h00


A pouco mais de cinco minutos a pé da Faculdade de Belas-Artes, este parque, que parece um museu ao ar-livre onde moram fontes e chafarizes centenários do Porto, é ainda desconhecido de muitos portuenses. Espaço de lazer e recreio, o Parque das Águas está distribuído em várias áreas (jardim, bosque e mata). Seguindo por um dos vários percursos, o caminho sul (Rua do Rio), temos vistas privilegiadas sobre o território e a paisagem, o rio Douro e as suas margens, o Vale de Campanhã e as Serras do Porto. De lá, avistamos a Praia Fluvial do Areinho, e junto a uma das peças mais icónicas do escritor Julião Sarmento, “Self-portrait as a fountain", existem três mesas e bancos de pedra, que convidam a uma pausa para uma merenda ao som da água corrente da fonte. Noutra área do parque, encontramos, também, um balouço para repousar o corpo e outro espaço com várias mesas e bancos de madeira. O valor patrimonial singular do parque foi reconhecido pela UNESCO, em 2021, com a sua integração na Rede Internacional de Museus da Água da UNESCO.


Quinta do Covelo

Rua do Bolama/Rua Faria de Guimarães, Paranhos

Entrada principal: 07h – 20h

Entrada parque infantil: 10h – 19h45


A Quinta do Covelo é um espaço verde, com cerca de oito hectares, aconselhado para passar um dia em família. A entrada pela Rua de Faria Guimarães, feita por uma escadaria íngreme, dá acesso direto a um outeiro coberto por vegetação autóctone: carvalhos-alvarinhos, sobreiros, pinheiros-mansos e pinheiros-bravos. Na zona baixa da Quinta do Covelo situa-se a antiga casa senhorial e alonga-se um caminho calcetado e retilíneo, com bancos e passeios arborizados. De um dos lados do caminho, e fazendo um suave declive, há um extenso relvado onde encontramos jovens raparigas de biquíni a tomar banhos de sol; este é um bom local para piquenicar; do lado oposto, está o parque infantil bem equipado. Destacamos, ainda, a área de mata, que nos transporta para longe da cidade, e a "Rotunda do Carvalho", um dos lugares mais calmos e sossegados para quem procura tranquilidade.

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Quinta do Covelo © Renato Cruz Santos

por Gina Macedo

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