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Setembro é um mês de recomeços, e no desporto não é diferente. A cidade anima-se de novo com a energia dos atletas que regressam às rotinas de treino, e é com este espírito de renovação que fomos ao encontro de Mariana Rocha, capitã da equipa de Absolutos da Natação Artística do Real Clube Fluvial Portuense (a coletividade em foco no Código Postal desta edição).
A paixão pela água começou aos 11 anos, e hoje, com 20, além de atleta, Mariana é estudante do curso de Ciências do Meio Aquático e recente treinadora de Grau 1. “Ninguém me tira da água”, afirma com determinação. A sua ligação à natação artística surgiu após um período em que conciliava natação, ballet e música. A sobrecarga de horários levou-a a optar por uma modalidade que unisse as suas paixões, e assim encontrou a natação artística.
“Eu adoro uma competição feroz”, confessa. Inicialmente, pensou que a natação pura poderia ser mais séria, mas ao ver duas alunas mais velhas a fazer um dueto na natação artística decidiu que era aquilo que queria fazer. “Eu tenho de vir para aqui”, recorda com emoção.
Para Mariana, as férias não são sinónimo de pausa completa. “Um atleta nunca consegue estar parado, nem mesmo durante as férias. Levamos sempre na mala uma touca e uns óculos para treinarmos alguns exercícios na piscina. Sentimos mesmo necessidade de alongar e esticar as pernas, já faz parte de nós.” Além disso, a sua treinadora, Sílvia Pinto, envia sempre vídeos com exercícios para os atletas manterem a forma durante o período de descanso.
© Andreia Merca
© Andreia Merca
Recomeçar os treinos
“Recomeçar os treinos é sempre difícil; por um lado, temos dores no corpo, mas, por outro, é o reencontro com as colegas, que já são grandes amigas”, conta. Na natação artística, o treino divide-se em duas partes: treino seco e treino na água. O treino seco inclui exercícios de força, flexibilidade e marcação dos esquemas, enquanto o treino na água abrange a natação pura, apneias e técnicas de natação artística. “Os primeiros treinos são sempre muito lúdicos, puxam pelo físico, mas de uma forma descontraída. Acabamos sempre a rir.”
Mariana descreve a pré-época como fisicamente exigente, mas psicologicamente estimulante: os treinos diários durante a fase de competições são substituídos por quatro a cinco treinos semanais. “No desporto, pensamos sempre no que vai custar, mas se pensarmos na sensação de dever cumprido do fim da época, a sensação de recompensa, dá-nos força para recomeçar e iniciar os treinos.”
Setembro marca o início da preparação para as provas competitivas. A primeira competição nacional ocorre em dezembro, seguida das provas de nível em janeiro e fevereiro; em março e abril decorre a principal prova, e em julho é o Campeonato Nacional de Verão. “É complicado conciliar tudo, e nem todos os momentos são bons, mas compensa. As medalhas, levantar a taça. Nós agarramo-nos muito umas às outras e isso ajuda-nos a resistir ao cansaço e à desmotivação. A nossa treinadora é a nossa fonte de motivação constante”, admite.
“Não abdico de nada, eu adapto-me", diz Mariana, que garante que não deixa de fazer “os programas típicos de adolescente”. “Faço tudo de acordo com os meus horários, tenho apenas de fazer esta gestão.” A entrada na faculdade trouxe novos desafios, mas o apoio da equipa foi fundamental, assim como da família, e Mariana passou, com distinção, nesta grande prova de resiliência.
Para quem quer dar os primeiros passos na natação artística, no Fluvial, tudo começa com a escola desportiva e multidisciplinar, onde são abordadas as três principais modalidades: pólo aquático, a natação artística e a natação pura. Esta escola proporciona uma base sólida aos atletas que após esta formação inicial podem escolher a modalidade com que se identificam mais.
© Andreia Merca
por Maria Bastos
© Andreia Merca
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