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Portografia
Virgínia Moura
Galeria
"Uma força da natureza"
Portografia Virginia Moura

© Rui Meireles

Presa política 16 vezes, Virgínia Moura dedicou a sua vida à luta antifascista e à defesa dos direitos das mulheres. O escritor Teixeira de Pascoaes chamou-lhe “força da natureza”.  É a ela que dedicamos a Portografia desta edição.

Aos 16 anos, Virgínia desperta para a luta política e participa, no Liceu da Póvoa do Varzim, numa greve estudantil e nos protestos contra o assassinato, pela polícia fascista, do estudante João Martins Branco. Tinha deixado para trás S. Martinho do Conde, em Guimarães, onde nasceu a 19 de julho de 1915, para acompanhar a mãe, professora primária, que tinha sido colocada numa escola de Vila do Conde.


Nos anos 30, vem estudar para o Porto onde conhece António Lobão Vital, defensor das lutas académicas, que viria a ser o seu companheiro de toda a vida. Aos 18 anos, adere ao Partido Comunista Português e integra o Socorro Vermelho Internacional, uma organização de apoio aos presos políticos.


É uma das primeiras mulheres a estudar Engenharia Civil  em Portugal (1943-1948) e a segunda licenciada pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Como consequência da sua intervenção política antifascista, não lhe é permitido exercer a sua profissão (os seus projetos eram assinados por outros engenheiros) ou ter qualquer emprego público. Dava, por isso, explicações particulares de Matemática e Física no seu escritório na Praça General Humberto Delgado.

Portografia Virginia Moura

Busto de Virgínia Moura no Largo Soares dos Reis © Rui Meireles

Desde 1936, sob o pseudónimo Maria Selma, colabora em vários jornais e publicações, como “Outro Ritmo”, “O Diabo”, “Pensamento”, “O Trabalho”, “Foz do Guadiana”, “Ecos do Sul”, “Presença”, “Seara Nova”, e ainda na revista “Sol Nascente” de que é cofundadora.


A sua intensa e corajosa atividade política contra o regime de Salazar leva-a à prisão 16 vezes, sendo que a primeira prisão acontece a 17 de dezembro de 1949, no Porto. Foi processada nove vezes e condenada três, tendo sido agredida inúmeras vezes pela polícia política durante atos públicos de afirmação democrática.


A 26 de abril de 1974, estava com o povo da cidade do Porto junto aos portões da sede da PIDE a exigir a libertação dos presos políticos e a detenção dos ‘pides’, o que acontece nesse dia. É convidada pelos soldados do Movimento das Forças Armadas a entrar no edifício e a festejar a liberdade. Maria José Ribeiro, cofundadora do Movimento Democrático das Mulheres, membro da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e amiga de Virgínia, mostrou à Agenda Porto uma fotografia desse dia.

Portografia Virginia Moura

© Andreia Merca

Portografia Virginia Moura

© Rui Meireles

Depois do 25 de abril, Virgínia participa ativamente na construção e na defesa do regime democrático. Foi deputada à Assembleia da República e membro da Assembleia Municipal do Porto. Vê reconhecida a sua ação cívica durante a ditadura: foi agraciada com a Ordem da Liberdade (1981) e com a Medalha de Mérito da Câmara Municipal do Porto (1995). Tem o seu nome em ruas e escolas de algumas localidades do país.


Numa entrevista à RTP, em janeiro de 1975, Virgínia afirmava que “a mulher não pode ser coisificada, não pode ser alguém em quem se mande”, frisando que “a luta pela emancipação da Mulher tem de ser feita pelas mulheres e pelos homens”.


Virgínia faleceu no Porto a 20 de abril de 1998. Um ano depois do seu desaparecimento e 50 anos após a sua primeira detenção pela PIDE, por iniciativa de vinte mulheres democratas do Porto, e com o patrocínio do Município, é inaugurado o seu busto, da autoria do escultor Manuel Dias, que é colocado em frente ao Museu Militar, antiga sede da polícia política, onde esteve presa pela primeira vez.

Portografia Virginia Moura

© Rui Meireles

Portografia Virginia Moura

© Rui Meireles

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