As três nascentes na zona de Paranhos têm uma escala geológica. Para nós, os registos mais antigos que existem do uso das suas águas pela população datam de 1120, sendo mencionadas estas nascentes na doação do Couto do Porto ao Bispo D. Hugo pela Rainha D. Teresa. É apenas em 1928 que se instala nesse manancial o Jardim de Arca d’Água — pelo caminho, houve tempo ainda para ser travado, junto às nascentes, um duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão, em 1866. Para as águas que correm, e que deram o nome a esta zona da cidade, tudo isto se passou num piscar de olhos.

É aqui que começa o troço mais antigo (1607) da rede subterrânea de abastecimento de águas da cidade. Ligando o Jardim de Arca d’Água à Praça dos Leões, faz uma linha que percorre cerca de 3,5km dos extremos Norte a Sul do Porto, abastecendo ao longo do percurso dezenas de fontes que se encontram acima de si, ao nível da rua. Embora tivesse sido possível participar em visitas guiadas a estes túneis, já não se realizam desde cerca de 2020, uma vez que grande parte do trajeto está agora inacessível. 

Originalmente construídos como uma forma de garantir a saúde pública permitindo o acesso a água potável em fontes públicas, estes túneis estão hoje inacessíveis e sem uso, mantendo apenas o charme de umas galerias que continuam a despertar a curiosidade de quem sabe onde se escondem.