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Elisa Duarte, a primeira livreira do Porto
Galeria
e a edição “maldita” d’"A Infanta Capelista"
Portografia: Elisa Duarte

No mundo dos alfarrabistas e livreiros em Portugal há o nome de uma mulher que se destaca: Elisa Duarte da Costa Ferreira Dias. Foi a primeira livreira da cidade do Porto e a primeira mulher a incumprir a lei dos direitos de autor no país, tendo sido julgada.

Portografia: Elisa Duarte

É na rua de Aviz que encontramos a Moreira da Costa, a livraria mais antiga do Porto. Foi fundada em 1902 por José Moreira da Costa, pai de Elisa Duarte. A partir de 1927, é ela quem assume as rédeas do negócio e altera o nome para “Moreira da Costa (Filha)”, cujos letreiros continuam bem visíveis nas duas montras. Torna-se um local onde intelectuais e estudiosos se reúnem para acesas tertúlias. Em 1952, para assinalar os 50 anos da livraria, Elisa decide fazer uma edição fac-similada de 50 exemplares d’A Infanta Capelista, o “romance maldito” de Camilo Castelo Branco. Trata-se de uma obra que o escritor mandou destruir, em 1872, quando já estava no prelo.


Em 1958, Elisa é condenada a seis meses de prisão por uma descendente do escritor. Através do pagamento de uma multa diária, de 30 escudos, consegue livrar-se da prisão. Considerada uma edição ilegal, a versão do romance camiliano da Moreira da Costa torna-se valiosa. Hoje, um exemplar custa, no mínimo, 600 euros. 

Portografia: Elisa Duarte

© Rui Meireles

Portografia: Elisa Duarte

Fotografia de Elisa Duarte. Cortesia de Miguel Carneiro, seu bisneto © DR

Mas, afinal, como é que Elisa Duarte consegue reproduzir a obra mandada destruir por Camilo? Quando o escritor manda parar a edição, as folhas já estavam impressas, e é-lhes dada uma nova função: papel de embrulho numa mercearia da baixa do Porto. Um dos fregueses apercebe-se de que essas folhas continham um texto literário e consegue reunir as folhas correspondentes a um exemplar. É esse volume que chega às mãos de Elisa Duarte, graças a um dos frequentadores das tertúlias, Henrique Rodrigues Vieira, que é quem a incentiva a fazer a edição fac-similada.


“Dos 50 exemplares editados, a minha bisavó vendeu 37. Depois da sentença, ela escondeu 10 exemplares, que só conseguimos encontrar 40 anos depois”, conta o bisneto Miguel Carneiro. É ele quem está à frente da Moreira da Costa, juntamente com a sua esposa, Susana Fernandes. Hoje, a livraria é casa de mais de 30 mil livros e revistas, uma verdadeira catedral do livro. 

Portografia: Elisa Duarte

Edição fac-similada d'A Infanta Capelista. Cortesia de Miguel Carneiro © DR

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