Na Praia Internacional do Porto, junto ao Edifício Transparente, as bancadas do Estádio de Praia estão abertas para todos os que por ali passam. A entrada é livre.

Sentada na primeira fila está a família Sousa que aproveitou o passeio de domingo à tarde para assistir à primeira etapa do Campeonato Nacional de Futevólei de Praia, que decorreu nos dias 1 e 2 de junho. Rafael tem 10 anos e nunca tinha assistido a um jogo de futevólei. “Isto é uma experiência espetacular. É a primeira vez que vejo um jogo destes e estou a adorar”. “E gostavas de experimentar?”, perguntamos. Rafael não pensa duas vezes e a resposta sai disparada entre um sorriso. “Sim, gostava mesmo muito. Espero poder vir outra vez a este estádio, para conhecer outros desportos.”

O pai, David Sousa, conta que estavam a passear, mas quando viram o Estádio de Praia decidiram parar e entrar. “Gosto muito de desporto e quero incutir esta paixão nos meus filhos.  Ao trazê-los a ver desportos diferentes, acredito que também posso despertar o gosto pela atividade física. É importante saberem que existem muitas modalidades, há muito mais do que o futebol. São importantes espaços como este.”

“Treinamos todo o ano”: o Estádio de Praia marca o início da época

O primeiro fim de semana do Estádio de Praia, a 1 e 2 de junho, recebeu a primeira etapa do Campeonato Nacional de Futevólei de Praia. Nas bancadas, não faltou apoio às duplas em competição. Rodrigo Otero e Juan Silva foram os vencedores da etapa do Porto.

Para Juan, “este estádio, junto à praia, é muito estimulante; é uma área muito boa, jogamos em casa e poder ter os nossos apoiantes na bancada é fabuloso”. “Por estar junto à praia, temos a questão do vento, mas treinamos bem e acaba por ser uma questão secundária. Poder começar aqui, com a conquista do título, não podia ser um melhor início”, afirma.   

A dupla Bruno Graça e Vítor Vilaça conquistou o segundo lugar na etapa do Porto do Campeonato Nacional de Futevólei. O Estádio de Praia simboliza “o início da época” para Bruno. “O futevólei é um desporto de verão, mas temos de treinar durante todo o ano, é preciso treinar no inverno. Com frio, com chuva, com temperaturas muito baixas, mas tem de ser. É o que gostamos de fazer. Este estádio junto ao mar dá mais energia, o ambiente que aqui se vive é perfeito.”

Beach Rugby nasceu no Porto em 1993

No fim de semana de 22 e 23 de junho, o rugby ocupou o Estádio de Praia, com o Porto Beach Rugby e o Campeonato Europeu de Rugby de Praia. De 18 a 21 de julho, a Praia Internacional do Porto recebe a Final do Campeonato da Europa Masters de Rugby de Praia – seniores.

Na preparação para estas competições, as equipas dos diferentes escalões do Sport Club do Porto (dos sub-6 aos seniores) realizaram um jogo de treino no Estádio de Praia. Os mais novos são os primeiros a chegar e Nuno Gramaxo, diretor dos torneios de verão, recebe os atletas, um a um. “Estás bem? Toca a ir para o campo! Deixem as sapatilhas na entrada.”

Nuno Gramaxo, do Sport Club do Porto e diretor dos torneios de Beach Rugby, afirma orgulhosamente que esta modalidade “nasceu no Porto; a estreia a nível mundial do rugby de praia foi na Praia do Homem do Leme, em 1993”. “Fui eu, o Henrique Rocha e a Vera Roquette que, num projeto chamado ‘Viva o Verão’, criámos esta modalidade e a partir daí espalhou-se por todo o mundo.”

O Porto Beach Rugby realiza-se desde 2016 e faz parte do circuito europeu de rugby de praia, que se divide em seis etapas, por seis países.

Em julho realiza-se, no Porto, a final do Campeonato da Europa de Beach Rugby, “que traz ao Estádio de Praia as melhores equipas. Vai ser uma festa, os melhores jogadores vão estar aqui; vão competir as equipas campeãs europeias, ou seja, o Sport Club do Porto, nos femininos, e o Les Minots, o campeão francês em masculinos, entre muitos outros”, diz Nuno Gramaxo.

O antigo jogador de rugby e treinador não tem dúvidas de que o Estádio de Praia tem tido um papel fundamental na formação e captação de novos atletas para o beach rugby. “Muitas vezes captamos jovens porque passam por aqui, pelo estádio. Não conhecem, vêm experimentar, é uma forma de trazer mais pessoas para esta modalidade. Este estádio é lindíssimo e tem uma infraestrutura de qualidade. Para organizar um Campeonato Europeu são necessárias determinadas medidas e características do campo, e o Porto tem. A Ágora tem tido sempre a preocupação de melhorar e de promover o rugby para todos.”

Raquel Lopes tem 25 anos, joga na equipa sénior feminina do Sport Club do Porto e também é treinadora dos sub-6. “Os torneios de verão não são fáceis, vamos estar frente a frente com as melhores equipas da Europa. Mas poder ver equipas de outros países a jogar é muito bom. Trabalhamos para isto o ano inteiro, treinamos muito e sempre com o objetivo de dar o nosso melhor.” Segundo Raquel, “o ambiente que se vive aqui é diferente, temos as pessoas ao redor a verem e é sempre mais festivo e alegre”.

Daniela Correia tem 36 anos e começou no rugby há 15. “Só conheci esta modalidade na universidade, tive o Nuno Gramaxo como professor e foi grande a paixão por este desporto. Gostei muito da simplicidade do gesto técnico e da estratégia que exige, a somar a isto o contacto físico. Entretanto, fui sendo chamada à seleção nacional e, atualmente, sou capitã da Seleção Nacional Feminina e também jogo no Sport Club do Porto.” E acrescenta: “Jogar no Estádio de Praia é muito emblemático, passam por aqui muitas pessoas, a localização é excecional e estar em contacto com a areia é fabuloso, sinto um à-vontade muito grande, principalmente para cairmos. Este estádio é fantástico para a prática do beach rugby”.

Futebol de Praia traz alguns ídolos e aumenta o interesse

O Futebol de Praia enche sempre as bancadas do Estádio de Praia e no fim-de-semana de 3 e 4 de agosto, seguramente, não será exceção com a realização da Taça Nacional de Futebol.

Madjer, coordenador de Futebol de Praia da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), diz que esta competição “representa o culminar de uma época, com um dos eventos de excelência que a FPF organiza em conjunto com as autarquias, neste caso com a Câmara do Porto”. “Normalmente, são escolhidos lugares como o Estádio de Praia, que oferecem excelentes condições para a prática do Futebol de Praia e das modalidades de areias.”

Considerado o melhor jogador de praia de todos os tempos, com 1.082 golos e mais de 40 títulos conquistados, Madjer afirma que infraestruturas como a do Estádio de Praia têm um papel importante na formação. “Quando existe uma maior proximidade ao litoral e às zonas de praia, temos várias crianças e adolescentes que ficam interessados em praticar esta modalidade, ficam curiosos. O futebol de praia tem a facilidade de permitir um contacto muito próximo com os nossos ídolos, com os jogadores, sendo que alguns jogam na seleção nacional; tudo isso ajuda a potenciar também a questão da formação e o interesse pela modalidade.”