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Conjugar o Porto
"Começar" com Ana Aragão
Entrevistas
Conjugar: Começar com Ana Aragão

Começar será sempre uma hipótese fascinante e infinita.

Para a ilustradora e artista portuense Ana Aragão, os desenhos começam quase sempre com uma intuição. Mas no seu corpo artístico transparece a vocação para a coerência herdada da formação em arquitetura. A mão e o cérebro estão treinados para começarem ao ritmo certo numa cadência natural que resulta da disponibilidade física e mental.

O ponto de partida pode ser uma ideia vaga que se transforma numa intensidade de pensamentos. Aí habita a imaginação antes de qualquer começo. “Quando parto para o desenho, parto sempre para versão final”. “É um mergulho de cabeça”, depois da gestão de todo o processo de autodisciplina, envolvimento, tentativa e erro. Começar é estragar uma folha em branco. É arriscar. E, depois de domada a imaginação, tudo é possível – criar a ilusão na essência dos (im)possíveis. Chegar ao cerne do imaginário, através do rigor e da metodologia da arquitetura em papel. 


Desenhar hoje o Porto “seria começar a desenhar a minha casa, o meu mundo, a minha geografia pessoal, de afetos e de memórias”, revela. Na verdade, a Invicta já foi traço e obra de Aragão. Simplificou-o inúmeras vezes, mas sente que ainda não conseguiu materializar aquele mapa psicogeográfico e subjetivo que guarda no tal lugar certo onde mora a imaginação.

Conjugar: Começar com Ana Aragão

© Rui Meireles

Desenhar hoje o Porto “seria começar a desenhar a minha casa, o meu mundo, a minha geografia pessoal, de afetos e de memórias”

Conjugar: Começar com Ana Aragão

© Rui Meireles

O Porto futuro de Ana Aragão será a única cidade desenhada que não irá flutuar porque será sempre lugar de memória e espaço em que habita e trabalha. Lugares ancorados no chão que pisa entre o Campo Alegre, a Baixa, o Jardim das Virtudes, o Palácio de Cristal, as zonas da Sé e da Ribeira. E como será a expressão desse Porto, terá linhas retas ou sinuosas? Ana Aragão evoca Italo Calvino e gosta de pensar o desenho da sua cidade com linhas sinuosas, porque a “curva permite-nos fugir da morte”.


A linha reta tem uma finitude, mas a sua cidade natal é feita de movimento, de descoberta inacabada no caminho sinuoso quando calcorreamos as ruas, as ruelas e as calçadas. “É perdermo-nos nessas bifurcações que vamos ao encontro e conhecendo esse Porto” tão identitário, pessoal e idiossincrático, feito de tantas camadas e complexidades. O Porto de Ana Aragão será “a obra de uma vida”, ainda em potência. 

por Sara Oliveira

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