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20 anos a dar corpo à música
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Louie Louie celebra 20 anos
20 anos a dar corpo à música

No dia 23 de novembro a Louie Louie celebra 20 anos ao serviço dos melómanos da cidade. A festa conta com concertos de Black Bombaim, Marquise, e os DJs Xico Ferrão e Rui Pimenta. Conversamos com Rui Quintela, o proprietário de sempre, sobre a loja basculante da Rua do Almada.

Atualmente, a loja de discos Louie Louie pode ser encontrada no número 536 da Rua do Almada. Mas, desde o ano de 2004, já ocupou nada menos do que quatro locais diferentes nessa rua. "Quando viemos para aqui, a Rua do Almada só tinha lojas de ferragens, o restaurante Cão Que Fuma, e mais nada", lembra Rui Quintela. Embora ainda hoje esse seja o negócio de referência da Rua do Almada, desde então a Louie Louie já viu polular restaurantes, bistros, espaços de coworking e alojamentos locais.

Há nessa dinâmica um lado bom, uma vez que antes "dois em cada três prédios estavam abandonados; saímos da primeira loja porque tinha medo que aquilo me caísse em cima". Mas a razão de tantas alterações de número da porta e o reverso da moeda: "Desde então os convites para sair para poderem remodelar o espaço da loja são cíclicos. Tive muita sorte em encontrar esta loja onde estamos agora porque senão tinha mesmo de pensar em ir para outra zona da cidade."

20 anos a dar corpo à música

© Inês Aleixo

20 anos a dar corpo à música

© Inês Aleixo

Além de testemunhar a convulsão imobiliária da rua, a Louie Louie atravessou ciclos de relação com o formato físico da música: "Abrimos na altura em que estava a aparecer o Napster e se começavam a usar os gravadores de CDs. Toda a gente dizia que eu era maluco por abrir uma loja de discos, que não tinha futuro." 20 anos após esse momento, o futuro revelou-se difícil de prever: "Qualquer pessoa pode ouvir toda a música do mundo sem pagar um cêntimo, mas há quem queira um objeto físico, para além de um ficheiro MP3. E o CD tornou-se um artigo mais estranho do que um disco de vinil."


Portanto, ultrapassado o apocalipse ditado pelo digital, as lojas de discos continuam a abrir. E abrem para quem, precisamente? Rui tem assistido a uma transição demográfica: "Há 20 anos era muito raro aparecer por aqui alguém que não andasse nos seus quarenta, mas, recentemente, vejo um ressurgimento do interesse pelo objeto físico por parte de miúdos de 14 ou 15 anos, e nos seus vintes. Alguns nem sequer gira-discos tinham, mas queriam uma peça de decoração intimamente ligada à música de que gostam."



Rui revê-se inteiramente nesse impulso: "Também sou desses 5% de maluquinhos que gastam dinheiro no formato físico." São maluquinhos que se encontram em todo o lado: "Tenho vários turistas que entram aqui na loja, e reconheço esse gesto, porque quando viajo também gosto de ir às lojas de discos locais." Fica apenas só mais uma nota biográfica porque Rui não gosta de protagonismo: o primeiro disco de que se lembra de comprar foi o álbum The Head on the Door, dos Cure.

Celebrar 20 anos de discos, ao vivo


Este sábado, o aniversário assinala-se com uma festa que conta com produção da Lovers & Lollypops, e nomes eminentes em cartaz. Acontece na porta ao lado, no espaço de cowork Almada Ponto, porque nem com muito boa vontade caberia toda a gente na loja.


A abrir as hostilidades vai estar o electro-punk de Triunfo dos Acéfalos, seguidos do grunge da banda portuense Marquise (já antes entrevistados pela Agenda), e termina com concerto de uma banda que não picava o ponto na cidade há algum tempo: os Black Bombaim. Entre os concertos, a dupla de DJs Xico Ferrão e Rui Pimenta estarão a fazer rodar a razão de ser da Louie Louie: discos.

20 anos a dar corpo à música

por Ricardo Alves

20 anos a dar corpo à música

© Inês Aleixo

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