"A casa de um arqueólogo, mais do que de um arquiteto"; "um museu de detalhes". — Estes foram alguns dos comentários sobre a casa que Ricardo Severo construiu em 1904 como seu primeiro trabalho no Porto, na Rua do Conde (hoje Rua Ricardo Severo). Rapidamente tornou-se uma referência no debate sobre a "casa portuguesa" e a arquitetura neocolonial brasileira. Arqueólogo, etnólogo, teórico da arquitetura e engenheiro, Severo incorporou elementos das tipologias habitacionais tradicionais de diferentes regiões do país neste edifício, transformando a casa onde viveu com a família num "modelo" antes de partir para o Brasil.

Reaberto há poucos meses, o Palacete Severo voltou a ser um espaço de experimentação como Hotel Galeria, lançando exposições de artistas contemporâneos promovidas pela filial portuguesa da Perspective Galerie de Géraldine Banier. O projeto consiste em confiar a diferentes curadores a seleção de obras de artistas contemporâneos para uma exposição que se revela por todo o Palacete Severo, incluindo o jardim.

O novo ano inicia-se com uma exposição com curadoria da historiadora de arte, Francesca Comisso, que desenvolveu um projeto estreitamente relacionado com a história deste local e em diálogo com os seus espaços, entre o edifício antigo e o novo: o jardim com as suas árvores centenárias, o pátio interno, os salões atualmente utilizados como bar, restaurante ou biblioteca, os quartos e o spa.