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"Para uma determinada geração nascida no século passado – a denominada ‘Geração X’ ou, desambiguando, aquelas pessoas em idade ativa que se queixam de dores de costas com demasiada frequência – o cruzar do ano 2000 afigurou-se um marco menos intenso do que a prévia antecipação do ano 2000. A previsão dessa efeméride foi, durante muito tempo, pejada dum sentimento esperançoso, de ensejos otimistas; era a súmula de toda a ideia de progresso, o sinónimo cristalizado do futuro.
Mais de duas décadas volvidas, e com os anos a avolumarem-se de forma trivial, a surpresa anestesiou-se e a deceção latente vem engordando. Não é que o presente dos computadores no bolso seja menos impressionante que o futuro dos carros voadores, mas qualquer rescaldo do progresso trará refluxo para amargos de boca. Era suposto a História deixar de reescrever-se depois do ano 2000 e, afinal, por muito que mude o papel, a caligrafia garatujada segue igual. No último meio século, os brados de liberdade passaram de gritos de celebração para gritos de socorro. A boa velha monocularidade da verdade tornou-se vesga, multiplicada e adulterada por lentes e ecrãs: serve mal o Bem, serve bem o Mal. Sacrificou-se a virtude em altares a bezerros dourados; deram-se as chaves das revoluções aos mais beatos censores. Não será esta a melhor altura para se cantar um futuro que, mesmo ultrapassado, tarda em chegar?” — Samuel Úria
Samuel Úria – voz, guitarra eléctrica, guitarra acústica
Jónatas Pires – guitarra eléctrica, guitarra acústica, voz
Silas Ferreira – teclados, sampler, percussão, voz
António Quintino – baixo, voz
Tiago Ramos – bateria, percussão, voz
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"Para uma determinada geração nascida no século passado – a denominada ‘Geração X’ ou, desambiguando, aquelas pessoas em idade ativa que se queixam de dores de costas com demasiada frequência – o cruzar do ano 2000 afigurou-se um marco menos intenso do que a prévia antecipação do ano 2000. A previsão dessa efeméride foi, durante muito tempo, pejada dum sentimento esperançoso, de ensejos otimistas; era a súmula de toda a ideia de progresso, o sinónimo cristalizado do futuro.
Mais de duas décadas volvidas, e com os anos a avolumarem-se de forma trivial, a surpresa anestesiou-se e a deceção latente vem engordando. Não é que o presente dos computadores no bolso seja menos impressionante que o futuro dos carros voadores, mas qualquer rescaldo do progresso trará refluxo para amargos de boca. Era suposto a História deixar de reescrever-se depois do ano 2000 e, afinal, por muito que mude o papel, a caligrafia garatujada segue igual. No último meio século, os brados de liberdade passaram de gritos de celebração para gritos de socorro. A boa velha monocularidade da verdade tornou-se vesga, multiplicada e adulterada por lentes e ecrãs: serve mal o Bem, serve bem o Mal. Sacrificou-se a virtude em altares a bezerros dourados; deram-se as chaves das revoluções aos mais beatos censores. Não será esta a melhor altura para se cantar um futuro que, mesmo ultrapassado, tarda em chegar?” — Samuel Úria
Samuel Úria – voz, guitarra eléctrica, guitarra acústica
Jónatas Pires – guitarra eléctrica, guitarra acústica, voz
Silas Ferreira – teclados, sampler, percussão, voz
António Quintino – baixo, voz
Tiago Ramos – bateria, percussão, voz
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