Ry Vuh é o estado actual de uma parceria de interesses incomuns. Jorge Queijo e Jorge Coelho já tocam juntos há uns 15 anos, a bateria e a guitarra cruzaram-se por vários projectos, mantendo cada um um percurso rico de eventos, edições e manifestações diversas.

E, como aconteceu em vários pontos do passado, aquilo que é um esforço em grupo de procura de um som, de o chamar, de o fazer matéria, é também uma longa construção de uma identidade, um jogo de equilíbrio entre o gesto amplificado e a composição informada por decisões anteriores (é só uma guitarra e uma bateria), sendo que agora a ocorrer num espaço profundamente transformado pelo trabalho do João Guedes, pelas suas imagens e pela sua manipulação.

O concerto para bateria, guitarra e retroprojector, é o resultado dessa construção a três. A mutação de imagem e som é ao mesmo tempo síncrona e livre, numa sobreposição ambígua com sentidos sobrepostos, um mapa feito de pistas vistas de relance.