É um momento complicado para a solidariedade. As técnicas culturais de união estão sob o controle das grandes empresas internacionais de tecnologia. As nossas realidades hoje são baseadas em ofertas com uma curadoria técnica de acordo com a nossa identidade estatística. O que se perde é o outro, o estranho. Como poderemos retomar a iniciativa de nos defendermos uns aos outros? Como poderemos introduzir técnicas culturais para fazer crescer movimentos de solidariedade sem a sua comercialização imediata? 

Nicholas Bussmann, nas suas obras, explora processos coletivos e técnicas culturais de comunalidade. Neste sentido, jogos, música e performance são as primeiras escolhas no que refere aos meios artísticos. Os seus trabalhos para conjuntos vocais multilingues exploram formas de envolver, abraçar e transformar o desconhecido. Baseiam-se em regras simples, tão simples que qualquer pessoa pode memorizá-las e aprendê-las: querem ser copiados, querem, na verdade, ser técnicas culturais. As instalações assumem um lugar especial na obra de Bussmann. São inventários constantemente renegociáveis, reflexões sobre problemas e questionamentos sobre processos coletivos. Estão sempre em movimento e a sofrer mutações. Para esta exposição, a instalação Revolution Songs in an AI Environment para piano automatizado e LED painéis LED, apresentada pela primeira vez no Taxispalais Kunsthalle Tirol em 2018, foi reformulada para incluir mais uma canção revolucionária assinalando o 50º aniversário da revolução do 25 de Abril em Portugal. a trap é uma nova instalação apresentada, pela primeira vez, em Serralves.

No contexto desta exposição, são projetados filmes de Jihan El Tahri sobre o envolvimento de Cuba na queda do império português, seguidos de uma conversa entre os dois artistas sobre solidariedade.