As Leituras no Mosteiro concluem a longa jornada por textos de autores nascidos em cada uma das décadas do século XX. Diz-se na peça "O amor é mais frio que o capital": “A única coisa real é uma realidade desmoronada”, mote possível das obras a ler. Com "Um coro engana-se redondamente", forma o díptico de entrada no teatro lúdico e aforístico do alemão René Pollesch (1962-2024). Idiossincraticamente político, cruza a teoria teatral e a cultura pop, baralha convenções, interroga o modo de resistir e de criticar a sociedade e o próprio teatro. Em "Plasticina", de Vassili Sigarev (n. 1977), entramos no espaço mental de Maksim, jovem órfão que tenta sobreviver num submundo caótico. Em vinte andamentos, acompanhamos os últimos oito dias da sua vida, uma história de solidão na Rússia pós-comunista. Com "Love", que o britânico Alexander Zeldin (n. 1985) situa simbolicamente nas vésperas do Natal, partilhamos o espaço de um centro de acolhimento com quatro “famílias” desapossadas de um lar. Iguais no desamparo, são vidas “sem teto, entre ruínas, à espera”. Em dezembro, regressamos à dramaturgia portuguesa contemporânea e lemos textos de vários autores nacionais nascidos na última década do século XX.