Uma obra festiva, moderna e com pouco do que se poderia considerar eclesiástico, a Missa Glagolítica é uma celebração da cultura eslava. Esperançoso, o ateu Leoš Janáček homenageava assim as suas raízes, em 1926, num dos breves períodos do século em que os territórios da sua Morávia natal não se viram dominados por potências estrangeiras. A missa é cantada na antiga língua litúrgica eslava, e a música carrega a cadência fragmentada e rápida que distingue o dialeto morávio. A obra de Bruckner escolhida para este final de tarde reveste-se de um significado bem diferente: é uma veemente demonstração da fé do compositor, que tinha no Te Deum “o orgulho da sua vida”. Para lá da música coral-sinfónica que junta o Ensemble Vocal Pro Musica e o Coro Casa da Música à Orquestra Sinfónica e a um elenco de solistas, há tempo ainda para um lied de Max Reger, An die Hoffnung, com base num poema de Friedrich Hölderlin sobre a esperança, aqui cantado pela aclamada meio-soprano russa Natalya Boeva.