Durante a sua primeira expedição ao “Novo Mundo”, em setembro de 1492, Cristóvão Colombo deparou-se com uma mancha dourada de vários quilómetros de diâmetro na superfície do mar. Temia-se que as algas flutuantes bloqueassem as embarcações e o pânico sentido pela tripulação fez com que quisessem retornar a casa. Mas tal não aconteceu e Colombo ordenou que se seguisse viagem, desembarcando alguns dias depois numa ilha habitada pelos povos lucaios, hoje conhecida como Bahamas. Esta mancha dourada, que quase impediu o processo de colonização e massacre que se seguiu, é chamada de mar dos sargaços e é importante para o estudo dos ecossistemas marítimos, enquanto habitats complexos, já que serve de alimento e abrigo para outras espécies como aves, peixes e crustáceos. A colonização, reflexo da ideia de uma parte da humanidade se considerar superior a outras, repete-se face a espécies não-humanas e traduz-se em práticas de extração e apropriação. Talvez este encontro de Colombo com o mar dos sargaços tenha sido um dos primeiros momentos em que se olhou para uma espécie vegetal com arrogância e desprezo, apesar deste ecossistema existir há 100 milhões de anos. Este momento marcou não só o início de um dos mais terríveis períodos de destruição e genocídio da história, mas também o início da nossa desconexão com a natureza, considerando-nos como espécie superior ao invés de uma espécie que é parte dela.
Em "O mar que não tem litoral" apresenta-se um algário expandido que não é só um arquivo mas antes uma proposta artística e filosófica onde as algas se apresentam como símbolo de resistência para pensarmos a transição de uma humanidade que domina para uma que é parte do planeta. Espécimes de macroalgas recolhidos entre as praias de Vila Chã e Ofir ao longo de um ano e meio são agora mostrados na galeria ao lado de anotações sobre cada um. Partindo da investigação sobre as algas que habitam o planeta há 1,6 mil milhões de anos e que produzem a maior percentagem de oxigénio da Terra, é criado um espaço de observação e contemplação destes seres tão antigos quanto essenciais à vida. Que história poderíamos hoje contar se Colombo tivesse ouvido a sua tripulação e o sinal das algas?
Durante a sua primeira expedição ao “Novo Mundo”, em setembro de 1492, Cristóvão Colombo deparou-se com uma mancha dourada de vários quilómetros de diâmetro na superfície do mar. Temia-se que as algas flutuantes bloqueassem as embarcações e o pânico sentido pela tripulação fez com que quisessem retornar a casa. Mas tal não aconteceu e Colombo ordenou que se seguisse viagem, desembarcando alguns dias depois numa ilha habitada pelos povos lucaios, hoje conhecida como Bahamas. Esta mancha dourada, que quase impediu o processo de colonização e massacre que se seguiu, é chamada de mar dos sargaços e é importante para o estudo dos ecossistemas marítimos, enquanto habitats complexos, já que serve de alimento e abrigo para outras espécies como aves, peixes e crustáceos. A colonização, reflexo da ideia de uma parte da humanidade se considerar superior a outras, repete-se face a espécies não-humanas e traduz-se em práticas de extração e apropriação. Talvez este encontro de Colombo com o mar dos sargaços tenha sido um dos primeiros momentos em que se olhou para uma espécie vegetal com arrogância e desprezo, apesar deste ecossistema existir há 100 milhões de anos. Este momento marcou não só o início de um dos mais terríveis períodos de destruição e genocídio da história, mas também o início da nossa desconexão com a natureza, considerando-nos como espécie superior ao invés de uma espécie que é parte dela.
Em "O mar que não tem litoral" apresenta-se um algário expandido que não é só um arquivo mas antes uma proposta artística e filosófica onde as algas se apresentam como símbolo de resistência para pensarmos a transição de uma humanidade que domina para uma que é parte do planeta. Espécimes de macroalgas recolhidos entre as praias de Vila Chã e Ofir ao longo de um ano e meio são agora mostrados na galeria ao lado de anotações sobre cada um. Partindo da investigação sobre as algas que habitam o planeta há 1,6 mil milhões de anos e que produzem a maior percentagem de oxigénio da Terra, é criado um espaço de observação e contemplação destes seres tão antigos quanto essenciais à vida. Que história poderíamos hoje contar se Colombo tivesse ouvido a sua tripulação e o sinal das algas?