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A máquina fascista: desejo e mito
O que é, o que define ou, pelo menos, o que pode caracterizar essa re-emergência ou, talvez, para dizer de forma mais apropriada, essa re-volta do fascismo que parece marcar o actual destino político? «Desejo» e «mito» não pretendem ser fórmulas explicativas, são, antes, pontos de interpelação daquilo que, mantendo-se impensável, parece dominar a política ocidental. Paulo Ávila retoma o desejo como motor da produção social para considerar o fascismo, não como movimento histórico ou ideológico, mas como pólo extremado da oscilação que atravessa toda a economia libidinal capitalista, definida, por um lado, pelo movimento centrífugo de expansão e dissolução dos limites, do desenraizamento e da desterritorialização forçada; por outro lado, pelo movimento centrípeto de reinscrição do desejo nas máquinas sociais, do enquadramento dos fluxos em tendências e padrões assimiláveis, do reforço das fronteiras e das territorialidades artificiais. Para Pedro Levi Bismarck, o mito não é exclusivo do fascismo mas uma peça constitutiva essencial do edifício político ocidental. O fascismo é, assim, aquilo que poderíamos designar como uma re-volta do mito, a necessidade de uma re-mitologização total e absoluta da política, precisamente no ponto em que esta está prestes a atingir o seu ponto de não re-torno, isto é, o momento em que esta expõe a sua própria ausência de fundamento, o seu vazio. O fascismo é o horror vacui do Capital.