Encomendado pelo Ministério da Educação, o projeto da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto ocupa cerca de cinco mil metros quadrados sobre o rio Douro, no campus do Campo Alegre. Entre 1983 e 1993, Álvaro Siza dedicou-se à requalificação da preexistente Quinta da Póvoa, apelidada de “casa cor de rosa”, à construção do seminal Pavilhão Carlos Ramos e dos volumes de uma nova faculdade que deixava para trás São Lázaro e as Belas Artes.  

Tendo como referência inicial o Paço Episcopal de Nicolau Nasoni, Siza abre o edifício à paisagem através de uma sequência de pátios que se vão encaixando na topografia e definindo um conjunto de ‘torres’ para as salas de aula, conectadas por um corredor subterrâneo. Estas seriam lições em si mesmas para os 500 alunos - hoje 800 - que as ocupariam, compondo distintas tipologias de planta, corte e alçado a partir de um mesmo módulo base. 

Com a ‘cara’ apontada para Gaia, estabelecendo um diálogo com as fachadas ribeirinhas dos séculos XIII e XIX, a faculdade virá as costas para o Porto, desenvolvendo uma espécie de barreira acústica face à via rápida de acesso à Poente da Arrábida. Este longo volume articula-se em três segmentos fundamentais: os serviços administrativos e o auditório, um museu semicircular, e a nave da biblioteca, joia absoluta do projeto.

Agradecendo desde já o apoio institucional da Faculdade de Arquitetura no acesso aos seus espaços, a visita será orientada pelo arquiteto Adalberto Dias, enquanto responsável pelo acompanhamento desta obra durante cerca de oito anos, aquando da época áurea dos primeiros trabalhos internacionais de Siza.