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Pela primeira vez, apresenta-se o percurso de Jean-Luc Godard enquanto criador de imagens fixas, desde a sua infância até 2022. Grande parte das obras visuais de Godard (pinturas, desenhos, cadernos, imagens digitais), bem como as fotografias de família tiradas por sua mãe, Odile Monod, nunca foram mostradas antes.
O título da exposição, Tendo em Linha de Conto os Tempos Atuais, provém do plano 15 de Film annonce du film 'Drôles de Guerres' (1er tournage) [Trailer do filme que nunca existirá “Guerras de Mentira”] (2022). “Tratava-se de deixar de confiar nos milhares de milhões de ditames do alfabeto, a fim de devolver a liberdade às incessantes metamorfoses e metáforas de uma verdadeira linguagem, regressando aos locais de filmagem do passado, mas tendo em linha de conto os tempos atuais”. A sobreposição entre “conto” e “ter em conta” combina fabulação e exatidão, imaginação e descrição, invenção e atenção, em suma, as exigências e os recursos do cinema face ao real.
Em 1993, Jean-Luc Godard quis encontrar-se com Manoel de Oliveira para uma ampla entrevista publicada no jornal Libération, destacada na primeira página de 4 e 5 de setembro. Nela, Oliveira pronuncia uma frase que, desde então, assombraria os filmes de Godard e o mundo cinéfilo: “É, aliás, disto que gosto em geral no cinema: uma saturação de signos magníficos banhados na luz da sua ausência de explicação.” Em 1998, Manoel de Oliveira dedica um poema a Jean-Luc Godard, Cão amarelo, que termina com estas linhas: “um cinema sem par / chamado Godard”. Estas trocas literárias culminariam num diálogo entre filmes: não poderá Film Socialisme (2010) de Jean-Luc Godard ser visto como uma resposta a Um Filme Falado (2003) de Manoel de Oliveira?
Exposição organizada pela Fundação de Serralves,
com curadoria do coletivo Ô Contraire! para a Fondation Jean-Luc Godard
(Fabrice Aragno, Jean-Paul Battaggia, Nicole Brenez e Paul Grivas)
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Pela primeira vez, apresenta-se o percurso de Jean-Luc Godard enquanto criador de imagens fixas, desde a sua infância até 2022. Grande parte das obras visuais de Godard (pinturas, desenhos, cadernos, imagens digitais), bem como as fotografias de família tiradas por sua mãe, Odile Monod, nunca foram mostradas antes.
O título da exposição, Tendo em Linha de Conto os Tempos Atuais, provém do plano 15 de Film annonce du film 'Drôles de Guerres' (1er tournage) [Trailer do filme que nunca existirá “Guerras de Mentira”] (2022). “Tratava-se de deixar de confiar nos milhares de milhões de ditames do alfabeto, a fim de devolver a liberdade às incessantes metamorfoses e metáforas de uma verdadeira linguagem, regressando aos locais de filmagem do passado, mas tendo em linha de conto os tempos atuais”. A sobreposição entre “conto” e “ter em conta” combina fabulação e exatidão, imaginação e descrição, invenção e atenção, em suma, as exigências e os recursos do cinema face ao real.
Em 1993, Jean-Luc Godard quis encontrar-se com Manoel de Oliveira para uma ampla entrevista publicada no jornal Libération, destacada na primeira página de 4 e 5 de setembro. Nela, Oliveira pronuncia uma frase que, desde então, assombraria os filmes de Godard e o mundo cinéfilo: “É, aliás, disto que gosto em geral no cinema: uma saturação de signos magníficos banhados na luz da sua ausência de explicação.” Em 1998, Manoel de Oliveira dedica um poema a Jean-Luc Godard, Cão amarelo, que termina com estas linhas: “um cinema sem par / chamado Godard”. Estas trocas literárias culminariam num diálogo entre filmes: não poderá Film Socialisme (2010) de Jean-Luc Godard ser visto como uma resposta a Um Filme Falado (2003) de Manoel de Oliveira?
Exposição organizada pela Fundação de Serralves,
com curadoria do coletivo Ô Contraire! para a Fondation Jean-Luc Godard
(Fabrice Aragno, Jean-Paul Battaggia, Nicole Brenez e Paul Grivas)
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