Os sitaristas Abhishek Adhikary e Murchana Adhikary Barthakur, acompanhados pelo tablista Madhurjya Ranjan Barthakur, vão estar na Casa Comum, ao edifício histórico da reitoria, para um concerto de música clássica indiana.
Antes de mais, explicar que raga é a forma fundamental de expressão da música clássica indiana e deriva da raiz ranj- (sânscrito), que significa “tingir”, ou “colorir”. Desta forma, poderemos interpretar Raga como uma melodia suscetível de deixar uma marca, de imprimir em nós um determinado sentimento ou estado de espírito.
Em torno do raga desenvolveu-se um complexo sistema melódico e rítmico que tem por objetivo promover um determinado estado de espírito, emoção ou sensação, de acordo com o raga que está a ser executado. Cada raga também pode ser associado a uma determinada estação do ano ou a um momento do dia (a manhã, o anoitecer, etc.).
Na música clássica indiana, o termo jugalbandi significa um dueto de instrumentos – geralmente diferentes – em que os executantes de um raga dialogam ao longo das secções improvisadas ou introduzem comentários ou variações nas secções fixas.
No caso deste concerto em jugalbandi, os dois instrumentos usados são o mesmo, nomeadamente o sitar, o mais conhecido de todos os instrumentos de corda indianos. O sofisticado acompanhamento rítmico é executado na tabla, um par de tambores tocados com as mãos, capaz de uma extraordinária variedade sonora: o tambor maior emite sons graves e profundos e o mais pequeno possui um timbre mais agudo e penetrante.
Sendo geralmente uma extensa peça musical, inicia-se por uma secção meditativa sem ritmo fixo (alap), a que se segue o jor, secção marcada pela introdução de uma pulsação rítmica e a apresentação da composição (gat). O desenvolvimento da composição, em torno da qual se tecem improvisações, desemboca numa secção de ritmo rápido e excitante, a jhala, evidenciando o virtuosismo dos executantes.
A exposição de um raga do Indostão (norte da Índia) pode ser bastante demorada, mas algum esforço de síntese tem vindo a ser realizado para adaptação aos ouvidos ocidentais. Para além da exposição de ragas, o concerto Sitar Jugalbandi apresentará composições mais curtas baseadas na música popular indiana e afegã. Os músicos, que são também musicólogos, guiarão a audiência pelas subtilezas de uma expressão artística milenar.
O concerto de dia 13 de dezembro, às 19h00, tem entrada livre, sujeita à lotação da sala. A audiência será convidada a sentar-se no chão (existirão almofadas) para garantir uma linha de vista desimpedida para os concertistas. No fundo da sala estarão disponíveis algumas cadeiras para quem, por razões de saúde, não se possa sentar no chão.