A carreira internacional do maestro Peter Dijkstra foi impulsionada pela vitória no Concurso Eric Ericson de Estocolmo, em 2003, e desde então é convidado para dirigir vários dos mais importantes agrupamentos corais europeus. O maestro neerlandês estreia-se agora na regência do Coro Casa da Música, com um programa revelador da versatilidade do seu repertório. O concerto inicia-se com dois exemplos notáveis da polifonia tardo-renascentista: o Miserere de Gregorio Allegri, célebre peça coral a nove vozes sobre o texto do Salmo 51, e o motete Versa est in luctum, escrito para a morte de Filipe II por Alonso Lobo. Depois do Stabat Mater de Domenico Scarlatti, um dos mais relevantes compositores setecentistas, seguem-se motetes contrastantes de Filipe de Magalhães, destacado representante da Escola de Évora, e de Carlo Gesualdo, este marcado pelo arrojado idioma maneirista. Por fim, o Miserere de James MacMillan, um dos produtos do estilo maduro daquele que é o mais reconhecido compositor escocês da atualidade, fecha o ciclo e parte da mesma oração latina que, na versão musicada por Allegri, abre este programa.